O INDIVÍDUO E A INSTITUIÇÃO
O indivíduo e a organização
Quando o indivíduo estabelece vínculo com uma organização é pleno de esperanças. Tudo é novidade e o interesse pelo trabalho é grande. A pessoa faz planos, sonha com formas de se realizar, idealizando uma carreira invejável. Aos poucos porém, vai conhecendo realidade diferente. Observa que será mais difícil do que imaginou concretizar seus sonhos. As relações interpessoais começam a se corroer. Outros indivíduos criam dificuldades, os líderes mostram seu lado não apoiador ao contrário dos primeiros contatos. O indivíduo passa a atravessar uma fase de perplexidade e insegurança, sem entender a linguagem usada na organização, sentindo-se cerceado sobre sua vontade de trabalhar bem, de fazer coisas novas, de tomar iniciativa e obter sucesso. Assim, o indivíduo percebe a complexidade conflitante e frustrante da vida na organização, diminuindo seu entusiasmo inicial.
A qualidade de vida nas organizações profissionais deixa muito a desejar. O programa de recompensa é o estimulador da competição nas relações interpessoais, propiciando o comportamento de só “olhar para cima” e “parecer o melhor”, no sentido de tentar ocupar uma posição de destaque. ... surge a dúvida: permanecer ou sair da organização? Como em qualquer relação intrapessoal, este é um período de grande tensão, insatisfação e ansiedade, podendo ser acompanhado de insônias, distúrbios gastrointestinais, entre outros sofrimentos psicossomáticos... (MOSCOVICI, 2000, p.4). Moscovici decompõe em cinco fases a vida no trabalho: o choque da realidade; a socialização e crescimento; a crise do meio da carreira; a aceitação; e a pré - aposentadoria. Cada fase possui uma faixa etária da vida do indivíduo. De 20 a 25 anos o indivíduo vive a fase do choque da realidade, estando completamente insatisfeito com seu cargo e com a organização. Se continuar na mesma empresa/carreira passará para a fase dos 26 a 35 anos, onde entra em fase de socialização e crescimento, começando a se adaptar às dificuldades e encontrando saída para os conflitos interpessoais, estando muito satisfeito com o cargo e com a organização na qual começou a se ajustar. Surge então a fase de crise do meio da carreira de 36 a 45 anos, momento em que o indivíduo também se encontra em crise na vida pessoal, posto que vários fatores biológicos, psicológicos, sociais e situacionais convergem para um estado de insatisfação difusa. É um período difícil, de reconhecimento forçado, da inevitável diminuição da capacidade física, perda da juventude (ou chegada da velhice), maior preocupação com a saúde. Isto tudo propicia uma insuficiente satisfação com o cargo e com a organização.
Na fase da aceitação, de 46 a 55 anos, o profissional começa a aceitar as mudanças que ocorreram em sua vida, reiniciando a sintonia com o cargo ocupado e com a organização da qual faz parte. A última fase é a pré-aposentadoria, entre 56 a 65 anos, na qual o indivíduo está muito insatisfeito com a organização e, cheio de satisfação com o cargo ocupado todos estes anos de sua vida profissional. Observe que na maioria das fases, o indivíduo está insatisfeito com a organização. Isto acontece porque as organizações têm como objetivo o aumento da produtividade, esquecendo de propiciar qualidade de vida aos trabalhadores. A competição é vez mais acirrada, é preciso vencer, é preciso ter sucesso, ficar sempre à frente dos outros, em direção ao topo.
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