A VIOLÊNCIA
É MULTIDIMENSIONAL:
De
qual violência você quer que eu fale?
Da violência social? - desemprego e da fome,
da falta de acesso a escola, habitação, oportunidades e justiça. Da violência
no ambiente familiar - contra as mulheres, crianças, idosos e deficientes
físicos e mentais? Da violência do preconceito? - racismo, discriminação, dos
crimes contra aqueles (as) que tem uma orientação sexual diferente ou dos
crimes de ódio. Da violência das instituições? - das prisões, da polícia e das
escolas? Da violência da corrupção? Da violência urbana e da criminalidade? Da
violência que eu ainda não falei? Qual destas
violências, vocês querem que eu fale?
Hoje, à violência é tratada como uma epidemia, diferentemente de outras
epidemias, como por exemplo, a dengue, que ataca a todos indiscriminadamente,
isto é, sem distinção da posição social, à violência urbana como epidemia,
afeta não a todos, é uma doença que atingir discriminadamente as classes
sociais mais vulneráveis. Vou falar da criminalidade urbana violenta por arma
de fogo, principalmente, por bala perdida, que matam homens, mulheres e
crianças que ainda não veio ao mundo. Dentro da barriga da mãe, um bebê foi
atingido por uma bala perdida no tórax ainda na barriga da
mãe durante um tiroteio na área de Vila Ideal, conhecida como
Comunidade do Lixão, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense na última
sexta-feira (30) entre policiais com os traficantes. Claudineia dos Santos
Melo, que estava grávida de 39 semanas, estava indo ao mercado quando foi
atingida por balas perdidas. O tiro atravessou o quadril da mãe e atingiu a criança
- perfurou os pulmões e provocou uma lesão na coluna. Se sobreviver, o Arthur
vai ficar paraplégico. Outros casos, como o da Tayná, de 7 anos, brincava numa
rua de Paulista (PE) quando foi baleada na cabeça. A professora Miriã, 40,
caminhava para a escola em Vila Velha (ES) quando foi atingida nas costas. Um
tiro acertou a cabeça de Asafe, 9, no instante em que ele saía de uma piscina,
no subúrbio do Rio. Foram 52 pessoas mortas e outras 86 ficaram feridas por
bala perdida em todo o Brasil em 2015. Segundo a ONU, o Brasil lidera o ranking
de mortes por bala perdida na América Latina, os dados foram contabilizados a
partir de casos divulgados pelos meios de comunicação em 27 países. A
banalização do uso da arma de fogo, faz do Brasil, um país muito violento com
quase 60 mil homicídios por ano e os confrontos com o uso de armas mais
potentes nas favelas, com fuzis e carabinas, tanto pela polícia quanto pelos
criminosos, que podem atravessar paredes e são capazes de alcançar até dois
quilômetros de distância, fazem dos brasileirinhos as principais vítimas de
balas perdidas em todo país. De qual violência vocês querem que eu fale? Autor:
Francisco Sérgio da Silva Evangelista - Pós Graduado em Políticas e em Gestão
em Segurança Pública e Pós Graduado em Policiamento Comunitário e Subinspetor
da GMF há 34 anos.
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