MORTES DE CICLISTAS NO TRÂNSITO:
Quase 20.000 mortos e 115.000 internações de CICLISTAS em todo Brasil entre 2001 e 2010.
Autor:
Francisco Sérgio da Silva Evangelista – Graduado em Matemática e Pós Graduado em Políticas e Gestão em
Segurança Pública e Subinspetor da GMF.
Antes
de falarmos da triste realidade brasileira de mortes no trânsito,
principalmente, dos pedestres e ciclistas, vamos conhecer um pouco da história
da bicicleta e dos movimentos sociais de apoio aos ciclistas, que é o tema
deste trabalho. No Brasil, a insegurança no trânsito começou com o uso do
veiculo motorizado, que entrou em conflitos com os pedestres e ciclistas por
espaços nas vias urbanas, já na década de 1930, os jornalistas locais da época
já escreviam sobre o tema alertando para os conflitos e acidentes, nas décadas
seguintes os acidentes só foram aumentando e se agravando até hoje. Os
movimentos individuais ou sociais na defesa dos interesses dos ciclistas no
Brasil sempre foram raros, salvo alguns movimentos pontuais, causados por
situações especificas, como por exemplo, a morte de ciclistas em vias públicas.
No primeiro momento, as bicicletas foram usadas só para transportar pessoas
para o trabalho, na época, esse grupo social não tinham representações, e os
movimentos de protesto por parte dos ciclistas não existiam, políticas públicas
de mobilidade urbana para ciclistas e pedestres quase não existiam, aliás, até
hoje, falta.
A
história começa a mudar com a participação e o interesse da classe média pelas
as bicicletas para seu uso no lazer, os movimentos sociais por mobilidade
urbana nas grandes cidades cresceram e se tornaram ativos e frequentes, na
década 1970, movimentos sociais ligados à saúde começaram a surgir, em 1974, o
Passeio Ciclístico Caloi da Primavera em São Paulo, dois anos depois, o Governo
Federal lançou o primeiro trabalho técnico sobre a Bicicleta conhecido como Planejamento
Cicloviário – Uma Política para as Bicicletas, em 1977 em Maceió
surgiria o primeiro Planejamento Sistemático para as Bicicletas, conhecido como
Plano
Cicloviário de Maceió, no ano seguinte é elaborado o primeiro Projeto
de Engenharia para a construção de uma ciclovia em uma rodovia
conhecida PA – 400 que passa pela a cidade de Belém. Em 1984, foi organizado na
cidade do Rio de Janeiro, na praia do Flamengo até o Leblon, o primeiro “o
Bicicleata”.
A
partir da década de 1990, com o aumento da participação social, começa surgir
organizações não governamentais dos usuários de bicicletas, como o Instituto
Pedalar do Brasil e a União de Ciclistas do Brasil. A partir do ano
2000, o apoio aos movimentos dos ciclistas vêm das organizações não
governamentais internacionais. Outros movimentos como os dos ambientalistas
internacionais no sentido de reduzir a emissão de poluentes pelos os veículos
nas estradas e os movimentos sociais relacionados ao o uso das bicicletas com a
saúde das pessoas, ajudaram bastante tanto para o aumento de usuários pelo uso
das bicicletas, como cresceu a oferta pelo poder público de infraestruturas
cicloviárias completas. No caso de Fortaleza, a nossa capital dispõe de 127,5
Km de Infraestrutura cicloviárias, sendo 78,8 Km de ciclovias e 48,7 de
ciclofaixas. No entanto, usar as bicicletas nas vias urbanas das grandes
cidades ainda infelizmente é uma atividade desconfortável e muita perigosa.
A
primeira década do atual século, isto é, entre 2001 e 2010, foram mortas 19.215
pessoas que viajavam sobre um veículo a pedal, mas conhecidos como CICLISTAS
segundo Mapa da Violência/2013 – Acidentes de Trânsito e Motocicletas (Tabela
3.1 Pág. 23). Conforme o mesmo mapa, o Estado do Ceará só em 2011, foram 47
ciclistas que perderam suas vidas nas estradas cearenses e em 2012 foram 248
internações de Ciclistas envolvidos com acidentes de trânsito. Segundo o
gráfico nº 01/2015, observa-se, que a primeira década do atual século os
números de vítimas fatais de ciclistas só cresceu entre 2001 e 2006, e a partir
de 2007 até 2010 é observado uma pequena redução de óbitos de ciclistas.
Acredita-se
que esses números de ciclistas mortos podem ser muito mais vistos que nem todos
os acidentes não são comunicados e nem registrados, isto é, os chamados sub-registro,
e também por considerar as mortes em acidentes de trânsito só aquelas no local
dos acidentes, no entanto, se sabe que muitas vitimas acidentadas são
internadas e após 24 horas ou mais venham a falecer por conta dos acidentes. Para
termos uma ideia, entre 2001 e 2010 foram 115.004 internações de ciclistas
envolvidos em acidentes de trânsito. Conforme o Gráfico nº 02/2015.
Culturalmente,
as bicicletas sempre fizeram parte da infância das nossas famílias e de toda
sociedade. No entanto, os ciclistas, assim como os pedestres, aliás, todos
somos pedestres, suas necessidades de deslocamento em vias públicas e calçadas
sempre foram negados por causa da opção motorizada. O desrespeito às leis de
trânsito por parte dos condutores de veículos colocam os ciclistas em situações
de desvantagens e de vulnerabilidade para acidentes no trânsito, por causa
deste perigo continuo, constante e crescente é preciso mais investimentos em
políticas públicas de mobilidade urbanas direcionadas aos ciclistas, como a
construção de mais ciclovias e ciclofaixas. É preciso realizar esforços para
desenvolver ações preventivas mais eficazes como a redução de limites de
velocidade em vias urbanas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)
recomenda que o limite de velocidade em vias urbanas seja de 50 km e em vias
com maior movimentação de pedestres e ciclistas, a velocidade máxima deve ser
de 30 km, na prática, infelizmente, a recomendação não é respeitada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
WAISELFISZ. Júlio Jacobe. MAPA DA VIOLÊNCIA/2013 -
Acidentes de Trânsito e Motocicletas. Rio de Janeiro. Disponível em: http://mapadaviolencia.org.br/mapa2013_motos.php
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Psicologia e Trânsito: reflexões para pais, educadores e futuros condutores.
São Paulo – Casa do Psicólogo, 2012.
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Roberto Morais. ALCHIERI, João Carlos. Organizadores. Comportamento Humano no
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Alcântara de. Políticas de Transporte no Brasil: a construção da mobilidade
excludente. Barueri – SP: Manole, 2013.
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