VIOLÊNCIA NO FUTEBOL ENTRE AS TORCIDAS.
Autor: Francisco Sérgio da Silva Evangelista
Graduado e Pós Graduado respectivamente; em
Matemática e Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública. Atualmente
cursando MBA em Engenharia e Inovação.
Os
estádios brasileiros de futebol, hoje conhecidos como “Arenas”, exemplo: Arena
Castelão em Fortaleza, Arena do Amazonas em Manaus e outras com suas
arquiteturas modernas e com padrões de qualidade exigida pela a entidade que
comanda o futebol mundial (FIFA), onde tal qualidade e modernidade só não são
visualizadas nos chamados legados que vão ficar para a população e se é que vai
ficar algum. As atuais Arenas são palco de uma violência banal entre criminosos
e bandidos que se dizem torcedores, mas na verdade são quadrilhas uniformizadas
que se escondem por traz do nome torcidas organizadas. Tal violência me faz lembrar-se
do Coliseu da Antiga Roma com uma diferença: Lá, a violência era pela a
sobrevivência, os gladiadores lutavam até a morte no centro da Arena e os
vencedores tinham como prêmio principal a vida. Hoje, nos estádios de futebol ou
Arenas, a violência não é pela sobrevivência, e sim por motivos banais como,
por exemplo, provar a masculinidade, isto é, os torcedores rivais dispostos até
a perder a própria vida, precisam predominar sobre os outros, derrotar e até
mesmo matar os rivais e adversários, influenciados pela competição e pelo o
consumo de drogas e bebidas alcoólicas. Das arquibancadas, as ruas ao redor dos
estádios a violência parece não ter fim, usam as redes sociais para marcar os
confrontos e batalhas campais para provar na perspectiva da homorrivalidade
quem é o mais forte.
A
Impunidade é uma das causas da violência no futebol. Outras causas são
observadas no levantamento feito através de Artigo de Jornal pelo sociólogo
Mauricio Murad: Segundo ele o aumento da violência no futebol está ligada:
“o aumento das mortes de torcedores
durante partidas de futebol está diretamente ligado ao envolvimento de
integrantes das torcidas com o crime organizado e ao acesso às drogas, à
tecnologia e à internet. Jovens sem perspectiva se unem a tribos que
supostamente lhes dão identidade, valor e um sentido que a sociedade parece
negar a eles.”
Sem dúvida, a
Impunidade é um convite da justiça brasileira para os jovens cada vez mais
ingressarem no mundo do crime e estas quadrilhas uniformizadas é a entrada para
este mundo. A falta de políticas públicas para a juventude e a cobertura
cotidiana demasiada de um mesmo evento de violência pela a mídia local,
nacional e mundial são outros convites. Veja o que relata o ex-presidente da torcida
Gaviões da Fiel Douglas Deúngaro, conhecido como “metaleiro”:
“A violência é reflexo da sociedade”
(...). “O cara é preso com uma bomba, chega ao curral, toma um pau. Que a
polícia é assim; é aquilo lá de Diadema, eles enfiam o coro no cara e soltam
pela porta dos fundos. Aí, saí no outro dia na capa do jornal. Chega no outro
dia no bairro dele e no colégio, ele é o herói e arruma as meninas. Ele é o
exemplo para outro cara entrar com uma bomba outro dia, no estádio, porque não
foi punido. Pelo contrário, ele ficou famoso porque a juventude hoje é assim: o
cara é herói, as meninas querem ficar com ele, todas as meninas gostaram. Aí o
outro viu: ah, vou entrar com uma bomba, vou passar no jornal, ninguém vai me prender
mesmo”.
Sobre
o envolvimento de integrantes das torcidas organizadas com as facções
criminosas. Conforme edição do Bom Dia Brasil do dia 17/12/2013 divulgou a
seguinte noticia: “Polícia acha provas do envolvimento de
organizadas com tráfico e milícias. Escutas telefônicas,
gravadas com a autorização da justiça, revelaram o envolvimento de integrantes
da Torcida Jovem Fla com o crime organizado.” O que torna verdadeiro o que o
sociólogo afirmou. Segundo
o jornal Lance,
ligado ao esporte contabiliza 155 mortes de torcedores desde 1988 até início de
2012 e
em 2013, as mortes ligadas ao futebol já chegaram ao número assustador de 30
pessoas que perderam suas vidas nos estádios ou redor deles, quando o objetivo destas
pessoas era se divertir, pois, o futebol é um esporte ligado ao lazer, não a
morte. A tabela do ranking nacional da violência no futebol abaixo mostra que
não há campeões nem vice-campeões, não existe saldo positivo ou negativo, o que
se têm desta guerra é um resultado triste e inaceitável para os dois lados, que
são as perdas de vidas. Conforme a Tabela, observamos que os torcedores do
Corinthians lideram o ranking dos que mais mataram e os torcedores do São Paulo
dos que mais morreram, seguidos de Goiás e Vila Nova. Na tabela, o ‘AUTOR
DESCONHECIDO*’ significa homicídios sem testemunha ou o assassino jamais foi
descoberto pela polícia.
Tabela 01/2013
– Números de torcedores assassinos e assassinados entre 1988/2012.
Fonte: Jornal
Lance (Artigo de Jornal)
Em 2013, já
foram assassinados no Brasil 30 torcedores. Segundo os Gráficos abaixo, o
primeiro mostra a evolução das mortes de torcedores ao longo dos anos, isto é,
de 1988 até o inicio de 2012. Observa-se, que nos últimos anos vêm crescendo
positivamente o número de torcedores assassinados no Brasil. O segundo gráfico
apresenta o tipo de Arma que os torcedores usaram para agredir seus rivais e
sem dúvida a Arma de Fogo foi a mais usada, cerca de 66% dos homicídios e em
seguida vêm as agressões com 27% das mortes, aí eu me pergunto, como um
individuo racional agride um semelhante até a morte? Acredito, quero acreditar,
o individuo só pode estar movido a álcool, drogas e muito ódio. Visualizamos no
último gráfico, os números de homicídios de torcedores por idades simples, a
distribuição etária das vítimas chama atenção à existência de pico entre as
idades 15 a 20 anos, isto é, as vítimas é a maioria jovem.
Gráfico
01/2013 – Números de torcedores mortos no Brasil entre 1988/2012.
Fonte: Jornal
Lance (Artigo de Jornal)
Gráfico
02/2013 – Percentual das Armas usadas pelos torcedores brasileiros que causaram
a morte de outros torcedores entre 1988/2012.
Fonte: Jornal
Lance (Artigo de Jornal)
Gráfico
03/2013 – Números de torcedores brasileiro mortos por idades simples entre
1988/2012.
Fonte: Jornal
Lance (Artigo de Jornal)
A amplitude e
a complexidade do fenômeno chamado violência não é unívoca, isto é, por ser
complexa, a definição é indeterminada, pois, ela é mutável, por se apresentar
em diferentes lugares, épocas, meios e circunstância. Todas as lamentações e
arrependimentos que se fazem repercutir depois de uma partida de futebol como a
barbárie de Joinville, infelizmente, não tem sido aproveitada como lição, as
autoridades que discursam, explicam, defendem-se, justificam e prometem, nada
fazem, em quanto isso, a violência no futebol expande e brutaliza nossa
juventude.
REFERENCIA:
MOTTA, JOAQUIM ZAILTON B. Gol, guerra e gozo: o
praze pode golpear a violência. São Paulo. Casa do Psicólogo. 2005.
BRASIL. BOM DIA. Polícia acha
provas do envolvimento de organizadas com tráfico e milícias. Disponível em: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/12/policia-acha-provas-do-envolvimento-de-organizadas-com-trafico-e-milicias.html
Violência nos estádios. Disponível em : http://vejasp.abril.com.br/materia/violencia-nos-estadios?gclid=CPXxjMK1srsCFcVQ7AodHXgAPQ
VESSONI. RODRIGO. Brigas ligadas
ao futebol já fizeram 155 vítimas fatais em todo Brasil. Disponível em: http://www.lancenet.com.br/minuto/Especial-Faccoes-mataram-pessoas-Brasil_0_674932706.html
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